quinta-feira, novembro 18, 2004
Não há nada como...
Há 4 anos que faço esta viagem de comboio: Foros de Amora/Lisboa, Lisboa/Foros de Amora. Normalmente vou a dormir ou a ler, já que se tornou tão monótono e rotineiro, que raras são as vezes que me digno sequer a olhar pela janela. Devia fazê-lo mais vezes, pois por vezes surpreendo-me... Não há nada como começar o dia, passar na Ponte 25 de Abril e ver Lisboa envolta em neblina, ou então, já à tardinha, o Cristo Rei com o céu de fundo em tons de laranja... Hoje não abri um livro. Preferi antes olhar para as pessoas e ler as suas vidas. Pessoas que como eu fazem esta viagem todos os dias, para ir trabalhar, estudar, sei lá.... Pessoas que no final do dia voltam para a casa com um ar cansado, falando com algum conhecido, ou que simplesmente se entretêm com o seu livro (tal como eu quase sempre faço!) e nem reparam na cara de quem está à sua frente. Não há nada de único ou espectacular neste percurso, mas sei que quando um dia deixar de o fazer, muitas vezes me lembrarei. Afinal de contas são horas da minha vida passadas naquele comboio de bancos azuis, com direito a horas e até temperatura exterior (nunca percebi bem porquê!). Se me lembrarei das caras de alguém? Sem dúvida que não, mas há imagens que não esquecerei... Não há nada como começar o dia, passar na Ponte 25 de Abril e ver Lisboa envolta em neblina, ou então, já à tardinha, o Cristo Rei com o céu de fundo em tons de laranja...